ATA DA PRIMEIRA REUNIÃO
ORDINÁRIA DA TERCEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM
07.01.1999.
Aos sete dias do mês de
janeiro do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Guilherme Barbosa,
João Dib, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Paulo Brum, Titulares, e Mário
Fraga, Não-Titular. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores
Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Décio Schauren, e Luiz Braz, Titulares.
Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Reunião de
Instalação da Terceira Comissão Representativa, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE
constaram: os Ofícios nºs 02, 03 e 04/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto
Alegre; 02/98, do Vereador Bruno Ivo Baron, Presidente da Câmara Municipal de
Araricá/RS; 03/98, do Vereador Olavo José Cassol, Presidente da Câmara
Municipal de Dona Francisca/RS; 2765/98, do Senhor Gilberto Chiapinotto,
Superintendente de Negócios da Caixa Econômica Federal. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador João Dib pronunciou-se acerca da política salarial dos
funcionários municipais, tecendo críticas ao Executivo Municipal. Também,
referiu-se ao Parecer emitido pela Procuradoria do Município de Porto Alegre,
que analisa a inconstitucionalidade de Lei Municipal que dispõe sobre a
conversão de Licença Prêmio em pecúnia, solicitando estudo da Comissão de
Constituição e Justiça sobre o assunto. O Vereador Carlos Alberto Garcia teceu
considerações acerca do fundo de aposentadoria e pensões do magistério público
estadual, afirmando ter ocorrido apropriação indébita de tal patrimônio pelo
Governo Estadual no ano passado e defendendo a realização de representação no
Ministério Público a fim de que os professores estaduais sejam ressarcidos dos
valores descontados para esse fundo. O Vereador Cláudio Sebenelo discorreu
acerca dos perigos que envolvem o uso de explosivos e fogos de artifício nas
festas de final de ano, principalmente quanto à falta de segurança na
fabricação clandestina de tais artefatos, afirmando ser essa a causa de grande
número de registros em hospitais de Pronto Socorro e o alvo de uma campanha de
prevenção que deve ser realizada para evitar acidentes desta natureza. A
seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO
DIA. Foi aprovado o Requerimento nº 212/98 (Processo nº 3156/98 - Moção de
Solidariedade ao Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados -
SINDPPD, pela luta em defesa do Serviço Federal de Processamento de Dados -
SERPRO), de autoria do Vereador Adeli Sell. Na ocasião, foi apregoado o
Requerimento nº 166/98 (Processo nº 2134/98), de autoria dos Vereadores Renato
Guimarães e Gerson Almeida, o qual deixou de ser apreciado face solicitação
anterior do Vereador João Dib para que tivesse sua tramitação sobrestada. Foi
votado o Requerimento nº 189/98 (Processo nº 2613/98 - Moção de Repúdio às
declarações feitas pelo Prefeito Municipal de Porto Alegre ao Poder Legislativo
do Município), de autoria do Vereador Cláudio Sebenelo, o qual obteve seis
votos SIM e um voto NÃO, após ser encaminhado pelos Vereadores Cláudio
Sebenelo, João Dib, Guilherme Barbosa e Luiz Braz, em votação nominal
solicitada pelo Vereador João Dib, tendo votado Sim os Vereadores Cláudio
Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, João Dib, Luiz Braz e Paulo Brum e
Não o Vereador Adeli Sell, votação esta declarada nula pelo Senhor Presidente
face à inexistência de "quorum" deliberativo. Na oportunidade, o
Vereador João Dib, através de Questão de Ordem, manifestou-se acerca da instrução
do Requerimento nº 189/98. Às dez horas e vinte e três minutos, constatada a
inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da
próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Nereu D'Ávila e Paulo Brum e secretariados pelo Vereador Adeli Sell.
Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata
que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo
Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Sr. João Dib está com a palavra para
Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sempre
tenho falado da necessidade de fiscalização no cumprimento da lei. Parece-me
que a Prefeitura, através da sua Administração, através da sua Procuradoria,
sempre que dificulta a vida do servidor municipal se apressa em tomar uma
medida. Foi o caso de maio de 1995, quando uma liminar mudou o índice para a reposição
salarial dos municipários, que teriam direito, no dia 30 de abril, 23 dias
antes, direito assegurado em receber 11% e a Prefeitura, através de liminar
retroativa - retroagiu a liminar, não se pode retroagir para prejudicar, mas
fez isso, através dessa liminar, tomou o dinheiro dos municipários - perdeu
várias vezes e continua não querendo pagar. Para tomar dos funcionários, a
Procuradoria, a Secretaria da Administração estão sempre muito apressadas.
Agora vivemos um outro problema, os servidores municipais, desde 1975, há 24
anos, poderiam, numa iniciativa que foi da Câmara Municipal, transformar a
licença-prêmio em pecúnia ou dinheiro. Naquele tempo, a licença-prêmio se dava
a cada 10 anos, podendo ser transformada 6 meses em gozo. O Prefeito da época,
Guilherme Socias Vilela , aceitou a iniciativa da Câmara Municipal e permitiu
que a licença-prêmio fosse transformada em dinheiro e não apenas na
possibilidade de ser contada em dobro.
O
Estatuto do Servidor Municipal, Lei Complementar nº 133, consagra, agora, que a
cada 5 anos o servidor tem direito a 3 meses de licença-prêmio que pode ser
transformada em pecúnia ou dinheiro, podendo receber um mês a cada ano. A
Prefeitura entrou com uma Ação Direta de inconstitucionalidade da Lei Orgânica.
A Lei Orgânica determinava; agora, a Lei se mantém em pé, ninguém disse que ela
é inconstitucional, mas a Procuradoria, com muita pressa, estendeu a decisão
sobre a Lei Orgânica em cima da Lei Complementar nº 133. Se não está proibido,
na Lei Orgânica, não há por que dizer que é inconstitucional, é um direito, no
meu entendimento - eu não sou jurista, se o Ver. Juarez Pinheiro estivesse aqui
diria melhor -, não tem por que não fazer.
O
Secretário da Administração determinou uma data, no ano passado, em meados do
primeiro semestre, para quem tivesse pedido até aquele dia, receberia; depois,
não receberia mais e só poderia contar o tempo de licença em dobro. Agora, a
Câmara adotou a mesma medida do Executivo. Acho que há um equívoco grande. Se
continua, e ninguém pediu que se tornasse sem efeito a Lei Complementar nº 133,
nós não poderíamos tirar essa possibilidade dos servidores em transformarem a
licença-prêmio em dinheiro. E, na Câmara, acontece um fato muito especial: 40%
dos servidores da Câmara são detentores de Cargos em Comissão Esses detentores
de Cargo em Comissão vão contar tempo em dobro do que, se não são servidores do
quadro, eles são comissionados? Eles, também, contam avanços, contam triênios e
tempo de licença- prêmio. Há Vereadores que estão aqui há dez, quinze ou
dezoito anos e que têm assessores com direito à licença-prêmio.
Eu
gostaria que a Comissão de Constituição e Justiça da Casa fizesse um estudo em
relação à licença-prêmio, para que não se faça injustiça, porque eu acho que a
injustiça está sendo cometida. Saúde e paz.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em Comunicação de Líder o Ver. Carlos
Alberto Garcia fala em nome da sua Bancada, do PSB.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, um
assunto que tem sido bastante discutido e debatido na Cidade de Porto Alegre e
no Estado, relativo ao desaparecimento dos seiscentos e vinte e cinco milhões
de reais do Fundo de Aposentadoria e Pensão do Magistério Público Estadual.
Particularmente, não só como Vereador, mas como professor do Estado,
licenciado, por estar exercendo as funções de Vereador, sinto-me lesado como
milhares e milhares de professores que contribuem, mensalmente, com dois por
cento do seu salário para aplicação do Fundo de Pensão e Aposentadoria.
Nos
últimos dias a notícia que está sendo mais comentada é que esse Fundo nunca
existiu. Os deputados votaram para que esse desconto fosse efetuado na folha de
pagamento de todos os professores do Magistério Público Estadual.
Eu
pergunto: quem é que vai fazer esse ressarcimento? Aqui, nesta Câmara, estou
propondo que a direção do CPERS ingresse com uma representação, junto ao
Ministério Público, para responsabilizar o Governo anterior, porque isso, em
nosso entendimento, é uma apropriação indébita desse patrimônio. Portanto,
durante muito tempo, foi discutido que esse desconto seria o futuro das
aposentadorias e pensões dos professores do Estado Rio Grande do Sul e, de uma
hora para outra, no dia 31 de dezembro, sumiu 625 milhões. Nós propomos que
urgentemente o Sindicato do CPERS, que representa toda a categoria dos
professores, ingresse no Ministério Público com uma representação para saber
quando, e como, será feita a devolução desse dinheiro. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra em Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
gostaria de voltar a abordar um tema que me parece da maior relevância para a
Cidade de Porto Alegre, na medida em que somente quando eventos especiais
ocorrem nós lembramos de Santa Clara, por ocasião da trovoada. O problema dos
fogos de artifício e o uso de explosivo, uma matéria regulamentada por Lei
Federal, especialmente explosivos estratégicos, do Exército e do Ministério de
Minas e Energia, mas nós temos também na clandestinidade de Porto Alegre um
grande número de pessoas que, artesanalmente, fazem fogos de artifício e
foguetes que podem ser utilizados de uma forma muito tranqüila, quando
comandados eletronicamente, como é o caso das comemorações do Estado da
Guanabara, no Rio de Janeiro, na passagem de ano. O “réveillon” no Rio de
Janeiro, atrai grande número de turistas com o espetáculo magnífico de fogos de
artifício, toda a Europa costuma fazer uso desses fogos de artifício. A imigração
trouxe para nós essa predileção pela pirotecnia, mas acontece que o nosso
Pronto Socorro Municipal, na noite de 31 de dezembro para o dia 1º de janeiro,
registrou 46 casos de danos graves de queimaduras, inclusive de amputação de
três dedos de uma criança por fogos de artifício. Isso vem se repetindo. No ano
passado, inclusive, um inofensivo foguete de três tiros decepou a mão de uma
pessoa. É inconcebível que isso ainda ocorra na Cidade de Porto Alegre, e que
se gaste tanto e não se faça a prevenção desse tipo de problema.
Há
pouco tempo vimos, no interior da Bahia, numa fabrica de fogos de artifícios, a
morte de mais de trinta pessoas, algumas delas em estado grave, ainda em UTI,
no mês passado e que, pela extensão das queimaduras, certamente, mais cedo ou
mais tarde, ficarão com profundas seqüelas ou morrerão ainda como conseqüência
daquele grave acidente.
Na
Cidade de Porto Alegre, em 1970, tivemos uma ocorrência com aproximadamente 20
mortes, na explosão de um depósito, onde havia uma grande quantidade de
pólvora.
Não
podemos tolerar mais esse estado de coisas sem que se faça algo mais do que uma
lei tênue, temerosa, uma lei débil que não tem condições pela sua coerção legal
de reprimir esse tipo de uso consagrado, inclusive, pelas nossas tradições. Nós
que temos uma herança açoriana muito forte, pois sabemos que os açorianos tem
uma predileção pelo uso pirotécnico e isso faz com que, na verdade, em todos os
eventos, sejam nos eventos político, em festejos religiosos, em festejos
esportivos, tenhamos registros de danos irreparáveis.
Quero
alertar também aos danos e desenvolvimento de patologias fóbicas em crianças
que ficam extremamente temerosas em relação à agressão, não só da poluição
sonora do estampido, mas muitas vezes com ruptura de tímpano em criança. Isso
aí faz parte de todo um grupo de conseqüências do uso inadequado e
principalmente do fabrico, armazenação e venda de fogos que está carecendo - e
esse Vereador está tomando essa iniciativa - de uma lei muito mais coercitiva,
muito mais repressiva e até proibitiva com relação à prevenção que se deva
fazer e com isso evitando-se grandes gastos da saúde pública com relação a
eventos plenamente previníveis. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
Em votação o Requerimento nº 212/98, Moção de
Solidariedade ao Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados, pela
luta em defesa do Serviço Federal de Processamento de Dados - Proc. 3156/98.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento
nº 166/98, de autoria do Ver. Renato Guimarães e Gerson Almeida que solicitam à
Fundação Estadual de Proteção Ambiental - FEPAM - audiência pública para
discutir os efeitos de instalação do Distrito Automotivo de Guaíba. Em votação.
O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, ontem foi colocada em
dúvida a oportunidade deste Requerimento.
O SR. PRESIDENTE: Perfeito, nobre Vereador. Colocaremos o
Requerimento em votação em outra ocasião.
Em votação Requerimento nº 189/98, Proc. 2613/98, de autoria
do Ver. Cláudio Sebenelo. Para encaminhar, com a palavra o Ver. Cláudio
Sebenelo.
O SR. CLÁUDIO SEBENELLO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Moção
data de 26 de agosto de 1998 e diz respeito às já famosas declarações do Sr.
Prefeito a respeito desta Câmara. E na falta de coragem em assumir a sua
opinião a respeito da Câmara colocou a sua opinião na palavra de alguns líderes
do Orçamento Participativo, que convivem diariamente conosco. Certamente não é
esta a opinião da população de Porto Alegre, que tem na sua Câmara de
Vereadores um exemplo para todo o País. Mesmo em recesso continuamo-nos
reunindo. A grande maioria dos Vereadores, mesmo não pertencendo à Comissão Representativa,
diariamente aqui comparecem. Sabemos da sua importância.
Por
outro lado, gostaria, neste encaminhamento, de ressaltar que foi insinuado que
seria muito melhor para o Município o Orçamento Participativo funcionando
gratuitamente, em detrimento do funcionamento da Câmara. Ou se não foi dito
exatamente isso, a insinuação que se retira desse tipo de raciocínio,
indiscutivelmente abalou, na época, a relação - já não muito boa - entre o Paço
Municipal e esta Casa.
Neste
momento, esta Moção - e eu não a retirei exatamente por isso - fica como um repto, como uma advertência ao Sr.
Prefeito, como uma tentativa de que talvez ele refletindo - e isso é
fundamental num debate - tome a iniciativa de valorizar o trabalho feito nesta
Casa e, principalmente, que ele desminta pública e internacionalmente, pela
circulação da revista, os conceitos equivocados que referiu, sugerindo a pouca
significação que teria para ele esta Câmara, e o grande significado de alguma
coisa, que é apenas uma estratégia de governo, mas jamais substituirá um
organismo que funciona estabelecido pela Constituição brasileira, que é a
Câmara de Vereadores. Nós não abrimos mão disso. Enquanto Vereadores, estaremos
defendendo incondicionalmente esta Casa, os seus propósitos, a sua representatividade,
a legitimidade do seu funcionamento, coisa que certamente não existe em relação
ao Orçamento Participativo, apesar de reconhecermos que é uma coisa muito boa e
que tem todos os benefícios de uma democracia direta.
Norberto
Bobbio, em seu livro “O Futuro da Democracia”, tira de Russeau a expressão: “Se
os deuses habitassem a Terra, a democracia seria direta”. Mas como nós somos
imperfeitos, precisamos de uma democracia representativa. E por isso, então, os
parlamentos; por isso a necessidade dessa representação popular, que é o
Vereador, assegurado através da legitimidade do voto direto, com fiscalização,
com Tribunal Regional Eleitoral, com todo um aparelho de funcionamento
judiciário, com toda a fiscalização do Tribunal de Contas, com tudo. Este
organismo, aqui, não se submete a nenhum tipo de lavagem ideológica. Por isso é
fundamental que se saiba que esse tipo de organismo nas democracias é
insubstituível. Se o Sr. Prefeito tiver conhecimento disso, se ele tiver esse
tipo de avaliação e de opinião, certamente, um dia, ele pedirá a retificação
das suas próprias declarações. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. João Dib está com a palavra para
encaminhar.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na
segunda-feira, quando da posse do Ver. Nereu D’Ávila na Presidência desta Casa,
eu dizia o que contém o art. 2º. da Lei Orgânica, que o Município têm dois
Poderes: o Legislativo e o Executivo, independentes e harmônicos entre si.
Eu
dizia também que havia a necessidade de muito respeito desta Casa para o
Executivo, mas que a recíproca é verdadeira e que deveria ser exigida
permanentemente.
Esta
declaração de S. Exa., o Sr. Prefeito, Raul Jorge Anglada Pont, lá em Paris,
contra a Câmara Municipal, não pode ser pensada de outra maneira. Foi uma
declaração pensada, na qual o Prefeito demonstrava crença. Eu não posso pensar
que o Prefeito Raul Pont seja um inocente útil. Ele não é; é um homem
inteligente, é o Prefeito de todos nós, que tem responsabilidade e responsabilidade
solidária também com o Legislativo.
Se
alguém se aproxima de mim e diz: o Chico é ladrão, se eu sei que ele não é
ladrão, se penso que o Chico não é ladrão, a primeira coisa que faço, porque o
Chico é meu amigo, porque ele é meu conhecido, é dizer que ele não é ladrão. Eu
não vou repetir que o fulano disse que ele é ladrão, porque eu estaria
veiculando, espalhando as penas que depois não seriam recolhidas.
Aliás,
do Prefeito Raul Jorge Anglada Pont, eu tenho uma experiência de que hoje eu
acho muita graça. Um dia, na Rádio Guaíba, quando candidato a Vice-Prefeito,
ele me fazia uma ofensa e eu busquei o caminho certo para resolver esse
problema: a Justiça, porque continuo dizendo que não entendia que o Professor,
o Doutor Raul Pont fosse um inocente útil, e procurei a Justiça. Ele não era
inocente, pois se abrigou “na saia larga” da imunidade parlamentar, mesmo não
sendo mais parlamentar. Ele mandava o seu advogado dizer, em juízo, que, quando
fez a ofensa, ele era Deputado Federal e que o Congresso Nacional é quem teria
que autorizar o processo contra ele. Ora, eu não iria perder meu tempo nem dar
prestígio a ele e, por isso, dei por encerrado o caso, e me senti muito
satisfeito, porque no Rio Grande nós costumamos honrar aquilo que dissemos.
Parece que o fato de ele se abrigar “na saia larga” da imunidade parlamentar já
dizia que ele não estava acreditando mesmo no que dizia, até porque o que ele
disse não era muito sensato, nem muito inteligente, nem muito correto, pois
qualquer pessoa, conhecendo o mínimo desta Cidade, saberia que era inviável,
que era um absurdo, que era ilógico, que não tinha base nenhuma. Mas ele tem
facilidade de se expressar - e facilidade no sentido de se expressar bem -, ele
gosta de falar e quando fala, de repente, faz algumas tolices como esta, de
transmitir ao mundo uma acusação à Câmara Municipal de Porto Alegre, que ele
veio homenagear na segunda-feira. Portanto, fico com o Ver. Cláudio Sebenelo,
na sua Moção de Repúdio, e repudio tudo aquilo que diz contra o Poder Legislativo.
E se for injusto, vou repudiar também o que disserem contra o Poder Executivo.
Saúde e paz.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para encaminhar.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Na
Sessão de ontem, quando esse assunto, de certa forma, já veio ao debate, disse
que se tentava utilizar o método que é o de repetir sempre uma interpretação
para ver se ela funciona como verdade. Procurei no Processo do Ver. Cláudio
Sebenelo, e não há nada que comprove essa declaração do Prefeito, não sei do
que se trata exatamente, mas não está no processo. De qualquer maneira,
lembramos de uma entrevista e, pelo que foi falado aqui pelo Ver. João Dib, ele
falou no Chico, que o seu amigo fala “se o Chico é...”. Então, estamos
trabalhando em cima de uma hipótese, em cima de uma interpretação daquilo que
se ouviu várias vezes. O Prefeito, em nenhum momento, disse que a Câmara era
inútil, que se poderia fechar a Câmara e que era melhor só se trabalhar com o
Orçamento Participativo. Em nenhum momento o Prefeito disse isso. A entrevista
não consta no Processo. Não sei exatamente o que vamos votar.
Quem
conhece o Raul Pont, o agente político, o militante político de muitos anos,
sabe que ele diz o que pensa, em qualquer momento, em qualquer lugar. Se ele
pensasse que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre era uma instituição inútil,
Ver. Dib, tenho certeza de que ele diria isso aqui neste microfone, assim como
ele já disse que não há motivo para a existência do Senado Federal, que nós
precisamos, assim como em muitos países do mundo, ter apenas um congresso
unicameral, não justifica ter um congresso bicameral como temos no País. Isso
ele afirma. E assim é o Prefeito e o militante Raul Pont, inclusive é conhecido
por isso. Não tem como forçar a interpretação.
O
Prefeito Raul Pont é um dos prefeitos que mais vêm a esta Casa nas aberturas
dos nossos trabalhos, na posse das novas Mesas, trazendo projetos, pedindo
apoio, como ocorreu quando a Prefeitura resolveu fazer toda a movimentação para
assumir a gerência do Porto da Capital, quando ele veio aqui para pedir o apoio
desta Câmara. Como é que uma pessoa que vem tanto a esta Casa, acha que ela
deveria ser fechada? Os fatos não combinam, eles são contraditórios. Não
devemos trabalhar em cima de uma interpretação. Ou é fato objetivo, ou não é.
Eu não sei do que realmente estamos falando. Não há no Processo de Requerimento
do Ver. Cláudio Sebenelo nenhuma cópia ou reprodução da entrevista citada. Ver.
Lauro Hagemann, não sei o que vamos votar aqui. Na Exposição de Motivos, o Ver.
Cláudio Sebenelo diz que o Prefeito teria dito. Assim o caso fica complicado.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra, para
encaminhar.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu
reputo o Ver. Guilherme Barbosa como um dos Vereadores de melhor memória nesta
Casa. Já vi o Ver. Guilherme Barbosa fazer discursos memoráveis, aqui, nesta
tribuna, recordando fatos do passado, se reportando a administrações de 10 anos
atrás, 20 anos atrás, muitas vezes, trazendo fatos com uma clareza muito
grande. Por isso, até me causou uma certa estupefação o Ver. Guilherme Barbosa
dizer, da tribuna, que não se recorda de uma reportagem que foi divulgada, no
final do ano passado, com relação a um pronunciamento do Prefeito desta Cidade,
Dr. Raul Pont, na França, quando esta Casa, contra o voto deste Vereador,
aprovou a ida do Prefeito Raul Pont para Paris, na época da Copa do Mundo. Eu
me lembro de um discurso que fazia, quando da votação deste pedido de licença,
dizendo que nós iríamos patrocinar, através da nossa sociedade, a ida do
Prefeito Municipal para assistir a Copa do Mundo na França. Ver. Cláudio
Sebenelo, se V. Exa. olhar os noticiários, vai notar que, realmente, o que esta
Casa fez, o que a sociedade porto-alegrense fez, foi patrocinar a ida do
Prefeito Raul Pont para assistir a Copa do Mundo na França. Ele foi um dos
grandes homenageados. E o que fez de útil o Prefeito Raul Pont, na França, Ver.
Eliseu Sabino? A única coisa que ele fez de útil foi pregar a ideologia do seu
Partido. Ele não foi levar notícias da nossa Cidade, ele não foi buscar
recursos para a nossa Cidade. Ele não foi debater trabalhos que estão sendo
realizados aqui ou foi ver alguma coisa que estava sendo realizada lá, para
trazer. Ele foi falar sobre Orçamento Participativo, não quero nem discutir,
aqui, se é bom ou se é ruim, mas não é uma coisa que conste da nossa
legislação. Orçamento Participativo é uma estrutura do PT, que serve para o
Partido, e serve tanto que está fazendo com que o PT permaneça todos esses anos
à frente da Prefeitura Municipal. Foi isso que a sociedade de Porto Alegre
pagou para o Prefeito Raul Pont fazer lá e ele aproveitou a oportunidade para
fazer uma declaração, ou para confirmar uma declaração de alguém pertencente ao
Orçamento Participativo, dizendo que “aqueles que estão no Orçamento
Participativo não recebem nada e são os que realmente trabalham”. Tenho certeza
de que o Ver. Guilherme Barbosa lembra dessa declaração, porque isso foi
estampado nos jornais, foi noticiado e o Ver. Guilherme Barbosa, tão
privilegiado em questão de memória, não posso acreditar que não esteja
lembrando do fato.
Mas
nós, Ver. Cláudio Sebenelo, lembramos, porque aquilo que nos atinge, aquilo que
atinge esta instituição, aquilo que atinge diretamente a democracia, não
podemos esquecer. Aqueles que causam feridas, aqueles que ferem, talvez,
esqueçam com muita facilidade; agora, aqueles que são feridos, aqueles que são
os grandes prejudicados, esses não esquecem, porque as feridas deixam marcas,
Ver. Eliseu Sabino.
Por
isso, acredito que a proposição do Ver. Cláudio Sebenelo, que não foi colocada
agora na Casa, já está há muito na Casa, só vai ser votada agora, mas lembro
que o Ver. Cláudio Sebenelo colocou essa proposição logo que o fato aconteceu,
pode restabelecer exatamente aquilo que pensa a Casa em matéria de democracia.
Não estamos repudiando, entendo assim a peça oferecida pelo Ver. Cláudio
Sebenelo, o Sr. Prefeito Municipal. Estamos repudiando as palavras do Sr.
Prefeito Municipal contra a democracia e contra esta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D'Ávila): Em votação nominal, solicitada pelo Ver.
João Dib, o Requerimento nº 189/98, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo. (Após
a chamada.) Temos 06 votos SIM, 01
voto NÃO; não há quórum válido para
votação.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Já que houve uma reclamação do Líder
Petista, porque falta um documento, gostaria que o Ver. Cláudio Sebenelo
acrescentasse ao Processo esse documento, para que ele fosse novamente
discutido e votado.
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, então V. Exa. está
requerendo renovação de votação?
O SR. JOÃO DIB: Não exatamente, porque foi nula esta
votação. Nós tínhamos oito Vereadores com V. Exa.
O SR. PRESIDENTE: Está correto, foi nula a votação por
falta de quórum.
Verificamos,
também, que não há quórum para continuidade dos trabalhos.
Convocamos
os Vereadores da Mesa e Líderes e os demais Vereadores que quiserem comparecer
à reunião da Mesa, às onze horas. Eu encareço o comparecimento dos Senhores
Vereadores à reunião, dada a gravidade da situação.
Estão
encerrados os trabalhos.
(Encerra-se
a Reunião às 10h23min.)
* * * * *